Montando palavras




Fonte: http://turma11emacao.blogspot.com/search/label/Choco





“Não basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho.”(Educação na Cidade, 1991.)

"Ivo viu a uva"


Paulo Freire: a leitura do mundo
"Ivo viu a uva", ensinavam os manuais de alfabetização. Mas, o professor Paulo Freire, com seu método de alfabetizar conscientizando, fez adultos e crianças, no Brasil e na Guiné Bissau, na Índia e na Nicarágua, descobrirem que Ivo não viu apenas a uva com os olhos. Viu também com a mente e se perguntou se a uva é natureza ou cultura.
Ivo viu que a fruta não resulta do trabalho humano. É Criação, é natureza. Paulo Freire ensinou a Ivo que semear uva é ação humana na e sobre a natureza. É a mão, multiferramenta, despertando as potencialidades do fruto. Assim como o próprio ser humano foi semeado pela natureza em anos e anos de evolução do Cosmos. Colher a uva, esmagá-la e transformá-la em vinho é cultura, assinalou Paulo Freire. O trabalho humaniza a natureza e, ao realizá-lo, o homem e a mulher se humanizam. Trabalho que instaura o nó de relações, a vida social. Graças ao professor, que iniciou sua pedagogia revolucionária com operários de Senai de Pernambuco, Ivo viu também que a uva é colhida por bóias-frias, que ganham pouco, e comercializada por atravessadores, que ganham melhor.
Ivo aprendeu com Paulo que, mesmo sem ainda saber ler, ele não é uma pessoa ignorante. Antes de aprender as letras, Ivo sabia erguer uma casa, tijolo a tijolo. O médico, o advogado ou o dentista, com todo o seu estudo, não era capaz de construir como Ivo. Paulo Freire ensinou a Ivo que não existe ninguém mais culto do que o outro, existem culturas paralelas, distintas, que se complementam na vida social. Ivo viu a uva e Paulo Freire mostrou-lhe os cachos, a parreira, a plantação inteira. Ensinou a Ivo que a leitura de um texto é tanto melhor compreendida quanto mais se insere o texto no contexto que Ivo extrai o pretexto para agir. No início, meio e fim do aprendizado é a práxis de Ivo que importa. Práxis-teoria-práxis, num processo indutivo que torna o educando sujeito histórico.
Ivo viu a uva e não viu a ave que, de cima, enxerga a parreira e não vê a uva. O que Ivo vê é diferente do que a ave vê. Assim, Paulo Freire ensinou a Ivo um princípio fundamental da epistemologia: a cabeça pesa onde os pés pisam. O mundo desigual pode ser lido pela ótica do opressor ou pela ótica do oprimido. Resulta uma leitura tão diferente uma da outra como entre a visão de Ptolomeu, ao observar o sistema solar com os pés na Terra, e a de Copérnico, ao imaginar-se com os pés no Sol.
Agora Ivo vê a uva, a parreira e todas as relações sociais que fazem do fruto festa no cálice de vinho, mas já não vê Paulo Freire, que mergulhou no Amor na manhã de 2 de maio. Deixa-nos uma obra inestimável e um testemunho admirável de competência e coerência. Paulo deveria estar em Cuba, onde receberia o titulo de doutor honoris causa da Universidade de Havana. Ao sentir dolorido seu coração que tanto amou, pediu que eu fosse representá-lo. De passagem marcada para Israel, não me foi possível atendê-lo. Contudo, antes de embarcar, fui rezar com Nita, sua mulher e os filhos, em torno de seu semblante tranqüilo: Paulo via Deus.
Frei Bettto
Fonte: http://portal.mec.gov. br/seb/arquivos/pdf/Profa/col_3.pdf, acesso em 01/12/2007.

Abacaxi



BOLO DE CHOCOLATE



Entre Jean Piaget e Lev Semenovitch Vygotsky



O bullying contra o professor



Muito se fala sobre a violência sofrida pelo aluno contra o aluno, do aluno que é molestado ou sofre qualquer perseguição ou agressão do professor, mas não se pensa e nem se olha quase na violência e bullying sofrido pelo professor em sala de aula.

Parece fácil, uma vez que turmas e turmas são formadas para ouvir um professor e se uma vez for estigmatizado, não é difícil um grupo grande zombar.
Já vi colegas sofrerem calados os maus-tratos, perseguições e abusos de alunos em sala de aula.
Chacotas, apelidos, caricaturas que passam de carteira em carteira, e assim por diante.
Vejo tanto desrespeito a nossa classe, eu mesma vivencio algum desdém de alguns alunos, que ficam geralmente no canto detrás da sala ignorando a aula, de bonés, rindo de tudo que se fala e ainda importunando aos outros que tentam prestar atenção.
A coisa começa tímida, se o professor não tem uma atitude, um diálogo, há realmente o contágio desse pequeno grupo para a classe toda.
A covardia ainda piora quando é gravada via celular e postada no Youtube, e a chacota vai para a grande rede, e se torna ciberbullying, circula por e-mails, e toma uma proporção imensa até chegando aos órgãos e secretarias, às direções prejudicando o tal profissional alvo e vítima, que sempre será culpado por não se dar ao respeito, e não impor limites aos seus alunos.
Caros colegas, onde estamos errando? Justamente no diálogo.
Não precisamos ser todo tempo bonzinhos, amorosos, permissivos, podemos como com filhos, saber educar esses jovens e crianças para o mundo e para o convívio social respeitoso.
Tive um aluno difícil de liderança de um grupo temido por todos os professores da escola em que trabalho, uma das três, nunca tive problema com ele, pois consegui quebrar, furar aquele seu ar superior e com meus “boa noite, meu lindo”, parando a aula pra quando ele entrasse e perguntando “por que chegando essa hora, estava trabalhando?”, ele me deu respostas positivas, evoluções comportamentais, e ainda passou fazendo os trabalhos e exibindo um interesse muito maior, e mais, solicitava comportamento dos demais quando se atrapalhava a aula, ou seja, ganhei um aliado. O covardão foi quebrado com carinho e ele acabou me ajudando a “dominar” a turma. Hilário, irônico, mas foi verdade.
“O humor é um recurso pedagógico. Pega as pessoas desprevenidas e as torna mais receptivas”, já dizia Claudius Ceccon.
Pois é, acho que falta isso, jogo de cintura, sensibilidade, pois o valentão que provoca muitas vezes é um grande carentão, que só quer atenção.
Do que vale olhar sem ver?
Johann Wolfgang Von Goethe
Deixo um link pra um texto antigo meu de minha coluna sobre Educação:
http://goo.gl/NKkLT
• Cris Passinato é professora


FONTE: http://brasil247.com.br/pt/247/brasil/1577/O-bullying-contra-o-professor.htm

A VISITA DO CHOCO


A VISITA DO CHOCO

A proposta de trabalho deu-se de forma que a cada dia um aluno levou para casa uma bolsa com o Choco e um caderno de registro.
O Choco da turma é um bichinho emborrachado. A escolha por esse tipo de material deu-se para que cada aluno possa brincar sem o receio de quebrar ou rasgar, ou seja, que sua interação com o objeto se dê tranquila e com muita criatividade.
Fizemos uma escala para que cada aluno pudesse levar a sacola para casa e ter a oportunidade de contar para sua família a história do Choco e fazer o registro de sua passagem na casa de cada colega.
 Para o êxito do trabalho construímos algumas regras:
1)    Quem faltar no seu dia de levar a sacola passa a vez para o próximo colega da lista - a presença é fundamental;
2)    O registro da passagem do Choco, na casa de cada um, poderá ser através da escrita, de desenhos, montagem, colagem ou alguma outra forma criativa que cada um preferir;
3)    Na aula, cada um apresenta para os colegas a história e o seu registro.

         O importante é ter claro que essa é uma atividade permeada de vários  sentidos. E, para tanto é essencial pensar que no processo de aprendizagem da leitura e da escrita é muito importante contextualizar a realidade, partindo de elementos que podem ser lidos mas não estão escritos da forma convencional, mostrando que a leitura também se faz sem letras. 

Glossário da História: Choco encontra uma mamãe


FICHAS DE ATIVIDADES









O ELEFANTINHO NO POÇO

O elefantinho no poço


Certa vez o elefantinho estava passeando,

Com uma corda de roupa

Amarrada na tromba.

Ela caiu num poço e

Não conseguiu mais sair.

O cavalo veio e queria ajudar.

O cavalo puxou a corda com toda força.

Mas o cavalo sozinho não conseguiu

Tirar o elefantinho do poço.

Então chegou a vaca e queria ajudar.

O cavalo e a vaca puxaram e puxaram.

Mas o cavalo e a vaca juntos

Não conseguiram tirar o elefantinho do poço.

Então chegou a cabra e queria ajudar.

O cavalo e a vaca e a cabra puxaram juntos.

Mas o cavalo e a vaca e a cabra juntos

Não conseguiram tirar o elefantinho do poço.

Então chegou o porco e queria ajudar.

O cavalo e a vaca e a cabra e o porco puxaram juntos.

Mas o cavalo e a vaca e a cabra e o porco

Juntos não conseguiram tirar o elefantinho do poço.

Então chegou a ovelha e queria ajudar.

Mas o cavalo e a vaca e a cabra e o

Porco e a ovelha juntos não conseguiram tirar o elefantinho do poço.

Então chegou o cachorro e queria ajudar.

O cavalo e a vaca e a cabra e o Porco e a

Ovelha e o cachorro puxaram juntos.

Não conseguiram tirar o elefantinho do poço.

Então chegou o Rato e queria ajudar.

E o cavalo e a vaca e o porco e a ovelha e o

Cachorro, todos riram.

Mas o cavalo e a vaca e a cabra e o Porco e

a Ovelha e o Cachorro

e o Rato juntos conseguiram tirar o

Elefantinho do poço.

E ele nunca mais caiu lá dentro.

Correção de Fluxo Escolar na Alfabetização - MEC/Geempa: Alfabetização 100% - escândalo perturbador

Correção de Fluxo Escolar na Alfabetização - MEC/Geempa: Alfabetização 100% - escândalo perturbador: " Na 6ª feira e no sábado últimos tive um “insight”, que é um estalo, a compreensão surpreendente de uma síntese. Compreendi o quanto..."

Provinha Brasil

Abaixo, dois textos escritos pela Prof. Dra. Esther Pillar Grossi analisando a Provinha Brasil.

Texto 1 - Provinha Brasil em questão

Texto 2 - Toda a competência é fruto de uma globalidade



Deliciem-se!



Obs: Para visualizar os textos, é necessário ter instalado em seu computador qualquer visualizador de arquivos .pdf, como por exemplo o Acrobat Reader.
 
FONTE: http://todospodemaprender.blogspot.com/

Estado rompe com o Geempa

Em documento breve, sem explicitar motivos, a Secretaria Estadual de Educação (SEC) informou a ONG Geempa, na semana passada, ter rompido com o convênio educacional que mantinham

Em documento breve, sem explicitar motivos, a Secretaria Estadual de Educação (SEC) informou a ONG Geempa, na semana passada, ter rompido com o convênio educacional que mantinham.O projeto de alfabetização e pós-alfabetização mobilizou, nos últimos anos, centenas de professores em estudos, cursos de formação e orientação pedagógica.


A presidente da ONG educacional, Esther Grossi, revela que a proposta do Geempa resulta de trabalho científico que tem apresentado exitosos resultados no país. Segundo a especialista, o rompimento do Estado com o projeto tem gerado protestos e indignação de professores, pais e dirigentes. Em Três Cachoeiras, por exemplo, disse que o prefeito pretende comprar livros do Geempa para professores do Estado darem continuidade ao trabalho.



Fonte:

Projetos de alfabetização, como o do Geempa, não terão continuidade

SEC prepara novo projeto



Escolas públicas estaduais conhecerão em maio a proposta pedagógica a ser desenvolvida no RS

A Secretaria Estadual de Educação (SEC) pretende apresentar, até o início de maio, um novo projeto pedagógico para a rede de escolas públicas. A secretária adjunta e diretora-geral da SEC, Maria Eulália Nascimento, explicou que os principais pontos da nova proposta devem ser finalizados em abril. "Nossa ideia não é chegar nas salas de aula e perguntar para professores, alunos e pais o que acham que seria melhor. Vamos apresentar uma ideia completa, que será trabalhada e que pode mudar em relação ao projeto original", revelou a diretora.

 
O principal desafio, na avaliação de Maria Eulália, está na implantação do Ensino Fundamental de nove anos de duração. "Essa situação é bem maior do que apenas redistribuir o currículo de oito anos em um programa com um ano a mais. É estabelecer novos critérios para cada segmento, desde os ciclos de alfabetização dos três primeiros anos, passando pelo período intermediário das séries iniciais (do 4 ao 6 ano), e chegando à etapa final (7 ao 9 ano)", argumentou.

Com esse foco, a SEC decidiu não renovar os convênios que mantinha com a ONG educacional gaúcha Geempa; o Instituto Alfa e Beto; e parte de processos de alfabetização do Instituto Ayrton Senna. "Entendemos que é mais difícil para instituições de fora do Estado, ou até mesmo daqui, entregarem projetos de alfabetização completos e que atendam a toda a rede estadual com suas especificidades", justificou.

 
Maria Eulália informou que somente terá continuidade o projeto do Instituto Ayrton Senna que trata do segmento da redução do fluxo, que é um processo de aceleração de estudos para reduzir a defasagem entre a idade do aluno e a série cursada na escola. "Esse trabalho está em andamento, e precisamos que os resultados sejam concretizados. Mas é bom lembrar que esses três convênios que vinham sendo realizados na rede pública estadual representavam uma despesa de cerca de R$ 10 milhões ao RS."

A ruptura com o trabalho pedagógico de escolas gaúchas, entretanto, afeta alunos e professores - muitos deles com recente e grande investimento em estudos, e satisfeitos com resultados escolares obtidos com esses projetos.

O embrião da nova proposta pedagógica da SEC tem base nas classes de alfabetização, que são o início do processo. Entre os principais problemas percebidos pela SEC para a implantação está a situação de estudantes que, até então, tinham apenas um professor; e que passam a ter vários docentes, um para cada disciplina. Segundo a diretora, é justamente neste ano escolar que se encontram os maiores índices de reprovação, pela mudança nas características da aprendizagem.

FONTE:

Esther Grossi, é contra e diz que o sistema irá criar uma legião de analfabetos.

Escolas estaduais do RS acabarão com repetência até o terceiro ano

Colégios devem ser orientados a mudar gradativamente para o sistema

Comunicação Portal Social



Homologada pelo Ministério da Educação no fim do ano passado, a recomendação do Conselho Nacional de Educação (CNE) de acabar com a reprovação nos três primeiros anos do Ensino Fundamental será adotada na rede estadual de ensino a partir deste ano letivo. Segundo o secretário estadual de Educação, Jose Clovis de Azevedo, as direções das escolas deverão ser orientadas a mudar gradativamente para o novo sistema, que cria o ciclo de Alfabetização e Letramento e elimina as séries iniciais.



– Não trabalhamos com decretos. Vamos abrir um processo de discussão em todas as coordenadorias. Mas esse é o caminho para que a escola não antecipe a exclusão pelo processo de repetência. Quem tem vivência em escola pública sabe que o investimento nas crianças por mais tempo permite que ela siga em frente. Reprovar no início afasta o aluno – diz o secretário.



Nas redes municipais, o novo método também deverá ser adotado, mas demorará mais. De acordo com assessora técnica do setor de educação da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), Salete Cadore, os conselhos de ensino de cada cidade deverão se debruçar sobre o tema e escolher o caminho.



– A alfabetização pode ser complementada no segundo ano, sem problemas. Admitir os três anos é uma novidade grande demais. Os municípios vão precisar de mais tempo até a adoção – aposta Salete.



Entre os especialistas, a recomendação do CNE chancelada pelo ministro Fernando Haddad é pura polêmica. A ex-secretária de Educação de Porto Alegre na gestão Olívio Dutra (1989-1992) e presidente do Grupo de Estudos sobre Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação (Geempa), Esther Grossi, é contra e diz que o sistema irá criar uma legião de analfabetos.



– Essa mudança não ajuda a superar o desafio primeiro da escola. Eles estão, sim, empurrando muitos brasileiros ao analfabetismo, perpetuando esta lacuna inaceitável, que é a não alfabetização de tantos milhões, os quais sairão cegos para nossa língua escrita. Esse sistema só adia a reprovação que virá nos anos seguintes – diz Esther.



Fonte: Zero Hora





“Eu matei minha mãe” - Esther Pillar Grossi*

A partir do filme que tem este título, quero abordar a importância de uma professora, por exemplo, para que a gente consiga matar nossa mãe simbolicamente. A psicanálise nos esclarece que só matando em nós o desejo de pai e de mãe temos acesso ao nosso próprio desejo. Mas é difícil fazê-lo se não se tem algum outro bom suporte de inter-relação subjetiva.

No filme Eu Matei Minha Mãe, de Xavier Dolan, um jovem canadense, hoje com 20 anos, que fez o roteiro aos 17, se debate ferozmente com a dificuldade de se relacionar com a mãe e com o pai. Mas existe uma professora que o identifica como pessoa sensível e capaz, inclusive inscrevendo-o em um concurso de textos, porque reconhece nos escritos de Hubert real qualidade.

O fato de que esse menino produziu esse filme tão pouco tempo depois de ter vivido momentos tão difíceis mostra como ele deve ter dado a volta por cima das travas que o impediam de frequentar a escola e de tantos outros entraves para encontrar um espaço familiar e, por conseguinte, um espaço no mundo.

Parece-me que uma de suas professoras foi fundamental para isso. Ela foi seu refúgio nas horas das maiores tempestades. E ela foi não só um refúgio afetivo, mas resgatou nele uma competência pessoal que era necessária para que ele encontrasse o rumo de sua existência.

Houve também, é claro, uma benéfica relação homossexual com Erik, sobretudo porque bem aceita pela mãe de Erik. Mas insisto na interveniência positiva da professora, que lhe deu carona após um trágico episódio e que depois o recebeu em sua casa, quando ele era enviado de forma catastrófica para um internato.

Esse filme lembra a história de Daniel Pennac, eminente escritor francês, que foi péssimo aluno, até que um professor iniciou sua salvação, a qual foi secundada também por uma oportuna relação afetiva. É importante salientar que ambas as boas intervenções docentes na vida conturbada desses dois alunos se deram pela via do conhecimento. Os professores ajudaram, permanecendo no âmbito de seu papel profissional. Não invadiram, nem se misturaram ao terreno próprio da família.

Que bom será quando professores e responsáveis pela educação distinguirem bem, por exemplo, o papel da professora do papel da tia ou de qualquer outro familiar! Ensinar é bem específico e diferente de acolher e de cuidar. Assinalar esta diferença não significa que ensinar não deva ter afeto. Só que o afeto de qualquer profissional se concretiza na realização de seu papel social. Um médico ama seus clientes fazendo de tudo para curá-los. E um professor ama seus alunos fazendo de tudo para que eles aprendam. E ninguém mais pode cumprir este papel.

___________

*Educadora

Fonte: Zero Hora online, 19/01/2011


Nós, professores, precisamos estudar, por Esther Pillar Grossi

As grandes lacunas do ensino, no mundo, são duas que se articulam entre si: a mistura de modelos teóricos para dar sustentação à pratica docente e a debilidade da formação acadêmica dos professores. Com isto, falta-nos competência científica para exercer nossa profissão e cumprir nosso papel social, que é de possibilitar aos alunos o acesso aos bens da cultura, das ciências e das artes que nos legaram nossos antepassados.

Paulo Freire insistiu, alto e bom som, em que "por trás de toda prática, há uma teoria". Se esta teoria é inconsistente, os resultados da prática estão comprometidos fatalmente. Não é preciso nem verificação empírica. É previsível de antemão.

Quando, em medicina, um tratamento não tem a ver com o diagnóstico, não se faz necessário esperar para ver que não funcionará. Quando na construção civil não se seguem princípios básicos de engenharia, em suas descobertas mais recentes e avançadas, pode-se esperar o pior das obras construídas.

Em educação, se passa o mesmo. Se forem utilizados recursos inadequados, porque superados, todas as avaliações de aprendizagem escancararão índices baixos, pela lógica do princípio de causa e efeito.

Toda atividade humana tende a evoluir e a se modificar. Em educação, a evolução é mínima. Uma sala de aula, nos melhores colégios, até na disposição espacial de alunos e professores, continua a mesma desde o nascimento da escola: professores à frente, escrevendo no quadro, alunos uns atrás dos outros, em silêncio, ouvindo e copiando. O professor assistencialisticamente dando aula, dando matéria e dando nota.

Como conciliar essa estrutura escolar com a constatação piagetiana dos idos de 1980 de que há momentos em que se aprende mais e melhor com os colegas do que com o professor, alternadamente em duas fases do belo processo de aprender?

Como deixar-se invadir pela revolucionária constatação de Jacotot, no longínquo ano de 1820, de que explicar não é ensinar? Mais radicalmente ainda, ele afirmou que explicar embrutece. Só se ensina provocando o aluno a pensar, ajudando-o a encontrar-se com suas ignorâncias. É ao mesmo tempo surpreendente e interessante que, muitos anos mais tarde, Sara Pain, com sua imensa sabedoria, mostrou que ignorância não é burrice. Que ignorância tem uma função indispensável na construção de conhecimentos por que a gente só aprende se tem faltas a preencher, que são as ignorâncias. Isto tudo parece simples e fácil dito assim em um texto, mas, para levar essa riqueza toda para a sala de aula, são necessários muito investimento, muita coragem de mudar, muita lucidez, muita humildade e ética, muito compromisso com o ser humano, principalmente, com aquele que freqüenta as redes públicas de ensino.

Surpreende muito que esteja sendo oferecido um Fórum Social pelas Aprendizagens, com uma consistente estrutura de conteúdos atualíssimos nas vivências escolares e que não haja uma invasão de interessados, tanto de escolas públicas quanto particulares ou de universidades. Provavelmente, a escusa para este pouco interesse é de que estamos no fim de ano. Mas é no fim do ano que as escolas apalpam o quanto ensinaram pouco. É portanto um momento propício para serem motivadas por aquela falta que Sara Pain afirma ser o motor para que se busque aprender mais.

Felizmente, professores que fizeram parte do projeto "Alfabetização de alunos com seis anos", de 20 municípios gaúchos, já acorreram para o prazer de estudar, junto com colombianos e brasileiros de outros Estados, mesmo no mês de dezembro, ao final do ano letivo. (Zero Hora – Porto Alegre-RS)




SEC/RS não renova contrato com o Geempa

O Geempa, bem como o Instituto Alfa e Beto e Ayrton Senna, durante quatro anos realizaram para a Secretaria de Educação do Estado do Rio Grande do Sul o Projeto “Alfabetização de alunos a partir dos 6 anos de idade”, com o objetivo de determinar uma matriz de possibilidades de aprendizagem para estes alunos que ingressaram pela Lei 10172/2001 no Ensino Fundamental, o qual foi ampliado para 9 anos.

O resultado da participação do Geempa, que trabalhou com 1.770 professores e 36.815 alunos, é de que a alfabetização deve ocorrer aos 6 anos de idade, quando os alunos frequentam o 1ºano do Ensino Fundamental. Deve ocorrer aos 6 anos porque é possível, uma vez que os índices obtidos nestes quatro anos foram acima de 75% dos alunos ao final do 1º ano capazes de produzir um texto escrito e de ler com compreensão também um texto simples contextualizado, parâmetro da UNESCO como demarcador da competência mínima básica para considerar alguém alfabetizado. Além disso, a cada ano, com a ampliação e o aprofundamento da capacitação dos professores que participavam de cursos e de assessorias, foi aumentando significativamente o número de professores que alfabetizaram 100% dos seus alunos. Em 2007, apenas 2; em 2008, 20; em 2009, 60 e em 2010, em 110 turmas todos os alunos chegaram alfabetizados no final do ano letivo.

Por outro lado, a formação para que os professores tenham este desempenho é exigente e requer pelo menos dois anos de estudo acompanhado por especialistas pesquisadores.

No final de 2010 um número expressivo de escolas optou pelo Geempa como instituição para prosseguir neste programa de “Alfabetização de alunos a partir de 6 anos de idade”. Porém, a Secretaria de Educação do Estado, por não ter procurado o Geempa até o dia 31 de janeiro, como ficou acordado oficialmente em reunião com o prof. José Clovis de Azevedo, por este fato expressa sua decisão de não renovar o contrato com o Geempa, uma vez que não assegura o tempo necessário para a organização das atividades inerentes ao contrato, ou seja, curso inicial de 5 dias, distribuição de livros e materiais didáticos para alunos e professores e assessorias durante todo o ano.

Coordenadoras de CRES, diretoras de escolas, professores, pais e alunos que aguardam a presença do Geempa em 2011, num projeto tão importante e necessário, saibam que esta não acontecerá por perda de prazo da atual gestão da Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul, a qual não renovou em tempo hábil o contrato com o Geempa.
 
Fonte: http://todospodemaprender.blogspot.com/2011/02/o-geempa-bem-como-o-instituto-alfa-e.html