Qual o papel do professor numa proposta construtivista?

A forma, a intensidade e a freqüência da interação que a criança estabelece com o objeto de conhecimento são essenciais, determinando, por exemplo, o nível dos questionamentos que ela pode chegar a formular, as relações que pode estabelecer e a organização que pode dar a tudo isso.

E é por isso que a intervenção externa é também muito importante, não só em termos de organização do ambiente e disponibilização de materiais, mas principalmente no sentido de instigar, desafiar, informar e orientar, o que, para nós, são funções primordiais do professor.

É essa intervenção que leva a criança a ampliar suas possibilidades do momento para capacidades que ela não poderia manifestar sozinha, mas só poderia exercer com o questionamento e a orientação de um experto/adulto, as quais, depois de um tempo, serão capacidades consolidadas, que ela poderá utilizar com autonomia. Trabalhando nessa “zona de desenvolvimento potencial (ou proximal)”, como a chamou Vigotsky, teremos, pois, a possibilidade de garantir avanços realmente significativos para as nossas crianças, resgatando o papel de ensinante do professor e superando idéias equivocadas: tanto as tradicionais, que o colocavam num lugar distante do aluno, sem conhecer sua forma de pensar e se preocupando somente com o ensino (dar a matéria) e não com a aprendizagem, como as espontaneístas, que o colocavam numa posição completamente passiva, deixando as crianças soltas, abandonadas à própria sorte e com poucas chances de transpor determinados conflitos cognitivos mais complexos.

Nesse sentido, se pensarmos também no papel da atividade do aluno e da manipulação do material concreto, de um lado, e da atuação do professor e papel dos conteúdos, de outro, podemos dizer que, mais do que a supremacia de um dos aspectos, há hoje uma convicção de que todos são muito importantes e estão em íntima relação uns com os outros, influindo, cada um à sua maneira, diretamente, no nível de aproximação com que as aprendizagens são realizadas. Ou seja, não é apenas garantindo que o aluno possa atuar, possa ter acesso a vários materiais concretos, possa manipulá-los livremente, que estaremos assegurando construções significativas em relação ao objeto de conhecimento em questão; poderá haver, sim, algumas aprendizagens, mas, para que se faça um ensino com qualidade, profundidade e consistência, é preciso ir além, oportunizando, a partir da experiência concreta, reflexões relevantes e significativas (eleitas e encaminhadas pelo professor, junto com a equipe da escola, a partir de critérios definidos em uma proposta construída), que levem o aluno a pensar o objeto de conhecimento em diferentes perspectivas, a organizar e a refletir sobre o que pensou, formulando conclusões e princípios e pondo tudo em relação com tudo. Além disso, ter claros os conteúdos que se deseja desenvolver (aqui entendidos os conteúdos não só como conceitos, mas também como procedimentos e atitudes) é imprescindível para conceber e concretizar um trabalho competente em relação a eles.

Assim, a intervenção pedagógica do professor, no seu dia-a-dia junto ao aluno, ou seja, as situações de ensino têm de ser planejadas de modo muito sério e refletido, de acordo com as possibilidades e interesses dos alunos, escolhendo-se as questões, os materiais e os recursos mais adequados ou instigantes para o momento, e coordenando-se sua execução e constante avaliação, em busca de uma aprendizagem que seja significativa. No exercício dessa função, o professor observa, problematiza, questiona, informa, indica, orienta, ajuda, fica junto, ao lado, mostra, propõe, ensina e aprende.

Fonte:http://www.escolaprojeto.com

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